sábado, 27 de outubro de 2018
terça-feira, 23 de outubro de 2018
UMA SEMANA DECISIVA: ELEIÇÕES, REDES SOCIAIS E DESAFIOS À DEMOCRACIA BRASILEIRA
José Vieira da Cruz
As redes sociais, já há algum tempo, representam outras formas de
comunicação: massivas, individuais e com filtros de mediação, de
identificação e de responsabilização frágeis. Nos últimos tempos,
portanto, acompanhá-las e decifrá-las têm sido um dos grandes desafios
contemporâneos.
Diante delas, a imprensa tradicional, os partidos
políticos e, até mesmo, as universidades e seus pesquisadores, enquanto
formadores de opinião, precisam (re)pensar seus papéis, ações e zonas de
conforto.
Enquanto isso, é central compreender como, em tempos de
liberdade e de acesso democrático à informação, (pré)conceitos racistas,
de gênero, de classe, de regionalidade e atinentes à vida são evocados,
banalizados e considerados.
Neste momento de decisão - submersos
por milhões de postagens, links, vídeos, fotos e animações -, é
essencial verificar a origem da fonte dessas informações, bem como, o
lugar, a intenção e a posição de quem as produziu. E ainda, de como
essas informações – filtradas as manipulações e as inverdades, fake news
–, expressam a soberania nacional e a vontade popular.
A
democracia, enquanto sistema político, não é perfeita e tem suas
contradições, mas, seguramente, ainda é o que melhor garante o direito
às liberdades individuais, de expressão e de escolhas políticas. A
conquista destas liberdades, ao longo da história, custou vidas e
desperta sentimentos em favor da cidadania e de soberania entre os
povos.
Parafraseando um ditado popular europeu, notabilizado pelos
escritos da filosofa judia, combatente do Nazismo e do Fascismo, Hannah
Arendt, de que “não precisamos jogar fora a criança junto com a água do
banho”, podemos dizer que não precisamos fragilizar a democracia ou
eliminá-la por causa de algumas ações de políticos antiéticos. Estes
precisam responder por seus atos, no entanto, a democracia não deve ser
criminalizada.
Não joguemos fora o aprendizado da democracia em
razão de contradições inerentes ao jogo da política e que podem ser
superados pela justiça, pelas urnas e pela vontade popular crítica e
consciente.
Em nossa tenra História Republicana, premida entre
militares e bacharéis, com suas espadas e leis, nenhuma ditadura, nem a
do Estado Novo, 1937-1945, nem a Civil-militar, 1964-1985, reivindicou
para si o referido título. Ao contrário, em nome da depuração dos
valores morais, religiosos e patrióticos, deformaram as instituições
republicanas, a democracia e os direitos humanos através da censura, do
fechamento do parlamento, de prisões arbitrárias, de torturas, de
assassinados e jogando para baixo do tapete escândalos de corrupção e
éticos.
O mais grave é que as ditaduras, não importa onde elas
ocorram, sempre começam com o apoio de parte da sociedade que logo se
ressentem dos seus efeitos.
Temos ciência e consciência de que
vivemos, nos dias atuais, outros formas de violências deferidas
cotidianamente contra o(a)s cidadã(o)s brasileiro(a)s de todas as
idades, gêneros, classes, etnias e regiões. Vivemos uma realidade na
qual não se pode ignorar as mais de 60 mil mortes violentas registradas
anualmente, nem os grupos que estão mais vulneráveis a esse genocídio.
Mas as propostas para resolução desse problema não podem provocar mais
mortes e mais violência. É preciso agir sobre as causas, sejam elas as
desigualdades sociais ou a impunidade, e promover políticas de inclusão e
de respeito às leis como uma estratégia para promoção de paz e de
justiça social.
Uma autocrítica é necessária e quiçá surja com a
mesma celeridade e alcance proporcionado pelo fenômeno das redes
sociais! Mas enquanto isso, é preciso avaliar as consequências da
escolha política que, cada um de nós, realizará no próximo domingo, dia
28 de outubro de 2018.
Domingo, votarei pela democracia, contra
qualquer forma e discurso que exalte ou faça referência a ditadura e
suas práticas. Votarei em respeito à justiça social, a diversidade, em
respeito ao outro.
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