Diante delas, a imprensa tradicional, os partidos
políticos e, até mesmo, as universidades e seus pesquisadores, enquanto
formadores de opinião, precisam (re)pensar seus papéis, ações e zonas de
conforto.
Enquanto isso, é central compreender como, em tempos de
liberdade e de acesso democrático à informação, (pré)conceitos racistas,
de gênero, de classe, de regionalidade e atinentes à vida são evocados,
banalizados e considerados.
Neste momento de decisão - imerso por
milhões de postagens, links, vídeos, fotos e animações -, é essencial
verificar a origem da fonte dessas informações, bem como, o lugar, a
intenção e a posição de quem as produziu. E ainda, de como essas
informações – filtradas as manipulações e as inverdades, fake news –,
expressam a soberania nacional, a vontade popular e o conhecimento
socialmente partilhado.
Inter-relacionado a tudo isso, a democracia,
enquanto sistema político, não é perfeita e tem suas contradições, mas,
seguramente, ainda é o que melhor garante o direito às liberdades
individuais, de expressão e políticas. A conquista destas liberdades, ao
longo da história, custou vidas e desperta sentimentos em favor da
cidadania e de soberania entre os povos.
Parafraseando um ditado
popular europeu, notabilizado pelos escritos da filosofa judia, ativista
contrária ao Nazismo e aoFascismo, Hannah Arendt, de que “não
precisamos jogar fora a criança junto com a água do banho”, podemos
dizer que não precisamos fragilizar a democracia ou eliminá-la por causa
de algumas ações de políticos antiéticos. Estes precisam responder por
seus atos, no entanto, a democracia não deve ser criminalizada.
Não
joguemos fora o aprendizado da democracia em razão de contradições
inerentes ao jogo da política e que podem ser superados pela justiça,
pelas urnas e pela vontade popular crítica e consciente.
Em nossa
tenra História Republicana, premida entre militares e bacharéis, com
suas espadas e leis, nenhuma ditadura, nem a do Estado Novo, 1937-1945,
nem a Civil-militar, 1964-1985, reivindicou para si o referido título.
Ao contrário, em nome da depuração dos valores morais, religiosos e
patrióticos, deformaram as instituições republicanas, a democracia e os
direitos humanos através da censura, do fechamento do parlamento, de
prisões arbitrárias, de torturas, de assassinados e jogando para baixo
do tapete escândalos de corrupção e éticos.
O mais grave é que as
ditaduras, não importa onde elas ocorram, sempre começam com o apoio de
parte da sociedade que logo se ressentem dos seus efeitos.
Temos
ciência e consciência de que vivemos, nos dias atuais, outros formas de
violências deferidas cotidianamente contra o(a)s cidadã(o)s
brasileiro(a)s de todas as idades, gêneros, classes, etnias e regiões.
Vivemos uma realidade na qual não se pode ignorar as mais de 60 mil
mortes violentas registradas anualmente, nem os grupos que estão mais
vulneráveis a esse genocídio. Mas as propostas para resolução desse
problema não podem provocar mais mortes e mais violência. É preciso agir
sobre as causas, sejam elas as desigualdades ou a impunidade, promover
políticas de inclusão étnicas-culturais e de gênero, de respeito às
leis, de promoção da paz, de tolerância política e de justiça social.
Uma autocrítica é necessária e quiçá surja com a mesma celeridade e
alcance proporcionado pelo fenômeno das redes sociais! Mas enquanto
isso, é preciso avaliar as consequências da escolha política que será
realizada, por cada um de nós, no próximo domingo, dia 28 de outubro de
2018.
Neste momento decisivo, votarei pela democracia, contra
qualquer exaltação ou referência à ditadura e as suas práticas. Votarei
em respeito à justiça social, a diversidade e em respeito ao outro.
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