terça-feira, 31 de outubro de 2017

Da autonomia à resistência democrática


José Vieira da Cruz*



O Brasil tem vivenciado tempos difíceis e de grandes incertezas. Nestes momentos, discutir como a sociedade, as universidades e o País superaram alguns de seus desafios pode ajudar a pensar outros horizontes e expectativas.
Imerso em torno deste propósito, o livro de nossa autoria, ?Da autonomia à resistência democrática: movimento estudantil, ensino superior e a sociedade em Sergipe, 19501985?, publicado pela Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), discute, a partir da atuação do movimento estudantil universitário, o esforço da sociedade para criar a Universidade Federal de Sergipe (UFS). Este esforço teve e tem como propósito pensar o desenvolvimento científico, humano, social e sustentável da economia local inserida no contexto nacional e global.

 
Resultado de um longo percurso de pesquisas, iniciadas ainda na graduação, em 1996, e concluídas em 2012, com a defesa de minha tese de doutorado na Universidade Federal da Bahia (UFBA), agora convertida em livro, é agora apresentada aos leitores. O presente estudo, debruça-se sobre mais de uma dezena de entrevistas e na consulta de mais de 4 mil páginas de documentos, além da consulta a vasta bibliografia relacionada e a pesquisa de 35 anos junto aos jornais.
A análise dessas fontes e leituras revelaram dois importantes momentos da sociedade brasileira, vistos a partir de Sergipe. O primeiro, de 1950 a 1964, marcado pela guerra fria e pelo debate nacional e desenvolvimentista, descortina o aprendizado da sociedade, recém-egressa da ditadura do Estado Novo, 1937-1945, no tocante a participar das tomadas de decisão política do País. O segundo, de 1964 a 1985, contexto marcado por mais um golpe de estado e uma longa ditadura civil-militar, revela como a sociedade manteve-se na luta pela criação da UFS, sofreu com a censura e a repressão política e como, mesmo diante desse duro aprendizado, retomou a partir da resistência democrática a reorganização das entidades estudantis, a luta por eleições diretas para o diretório dos estudantes, da reitoria da universidade e da presidência da República.
Ao longo, portanto, das mais de 620 páginas que formam esse livro, procuramos de modo objetivo proporcionar uma leitora harmoniosa entre os capítulos, que podem ser lidos de forma separada e independente, e o conjunto do texto. A obra, em seu conjunto, apresenta um estudo de média duração e revela, a partir do fio condutor escolhido, diferentes experiências e mediações relativas a formação estudantil e a Universidade. Experiências formativas decisivas na e para renovação/estruturação de lideranças políticas, profissionais e artísticas do Estado e do País. Essas e outras conclusões podem ser abstraídas deste livro. 
Aqui fica o convite para o seu lançamento, dia 14/11/2017, terça-feira, das 17h às 20h, no Museu da Gente Sergipana, na Avenida Ivo do Prado, 398. Espero que essa leitura possa, lançando luzes sobre o passado próximo, a partir de um olhar que inter-relaciona estudos desenvolvidos fora e dentro dos grandes centros de pesquisa nacional, descortine, a partir experiências do passado narradas, analisadas e discutidas, outros horizontes e expectativas de nosso presente.

* Doutor em História Social, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e Vice-reitor da UFAL.

** Texto publicado:
CRUZ, José Vieira da. "Da autonomia à resistência democrática". In: Jornal da Cidade. Ano XLVII, nº 13514, 4 a 6 de novembro de 2017, p. A-6. Disponível em: <http://jornaldacidade.net/sgw/upload/2017-11-06_09-53-41_1.pdf>, capturado em 14/11/2017.

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